segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Uso abusivo de antibióticos prejudica saúde e deixa bactérias resistentes

Campanha quer controlar o uso para evitar problemas no futuro

Especialistas alertam que, além de prejudicar a saúde, o uso de abusivo de antibióticos pode deixar as bactérias mais resistentes às doenças. Para controlar o uso indiscriminado desse tipo de medicamento, uma campanha está sendo feita para orientar farmacêuticos, médicos e dentistas.

De acordo com o clínico geral Lineu Biazotti, de cada dez pacientes que atende, dois se automedicaram com antibióticos. “O uso do antibiótico de forma errada pode prejudicar a flora intestinal, baixar a resistência do paciente, porque ele não foi bem indicado e desenvolver resistência às bactérias”, disse.

Muitos se arriscam procurando as farmácias antes de passar pelo médico. O farmacêutico Jeferson Yashuda diz que recebe pelo menos oito pedidos por dia do medicamento, principalmente durante o inverno. “A gente procura orientar para que a pessoa se dirija ao pronto-socorro para que o médico prescreva o antibiótico adequado para aquela patologia”, destacou.

Apesar disso, nem todas as farmácias orientam as pessoas. Em 2008, fiscais do Conselho Regional de Farmácia inspecionaram quase 2,8 mil drogarias em todo o Estado de São Paulo e 68% delas vendiam antibióticos sem receita médica.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta ainda que 50% das prescrições médicas são inadequadas quando indicam o uso do antibiótico. Para tentar diminuir esse uso indiscriminado do remédio, uma campanha que começou em São Paulo e agora será feita também no interior. “Promovendo palestras sobre o uso indiscriminado para os farmacêuticos e depois para os médicos e dentistas”, disse a diretora regional do Conselho Regional de Farmácia, Márcia Magnani.

Para desenvolver um antibiótico, são necessários mais de 5 mil testes a um custo que pode chegar a US$ 500 milhões. Mesmo com esse investimento disponível, os especialistas acreditam que, se não houver mudanças, em 20 anos não será mais possível desenvolver um remédio capaz de combater as bactérias. “Nós voltaremos a tempos remotos quando uma epidemia destruía 90% das populações”, alertou o professor de Microbiologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...