terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vacina contra meningite C será testada em crianças

Cerca de 360 crianças com idade entre 1 e 9 anos, moradoras de Manguinhos, o bairro em que está situada a Fiocruz, e atendidas por equipes de Saúde da Família da iniciativa Teias - Escola Manguinhos - Território Integrado de Atenção à Saúde, participarão da fase 2 do ensaio clínico que testará a imunogenicidade e a segurança da vacina contra meningite C. A vacina tem tecnologia avançada e está sendo desenvolvida há mais de dez anos pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz). O estudo, em parceria com o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), tem como responsáveis o consultor científico de Biomanguinhos Reinaldo de Menezes Martins e a pesquisadora Elyne Engstrom.

"Quando é desenvolvida, uma vacina passa por várias fases de teste antes de ir para o mercado.Esta, de meningite para crianças, já passou pela fase pré-clínica, com testes em animais de experimentação, e pela fase clínica inicial, testada em adultos. Na fase dois ela será testada na sua população alvo para uso no futuro, que são crianças", explica a pesquisadora Elyne Engstrom.
 
O desenvolvimento da vacina no Brasil

A doença meningocócica tem elevada taxa de letalidade e há muitos sorogrupos de meningococos (A, B, C, Y, W135, etc) que causam doença grave, em especial meningites. No Brasil, atualmente, predomina o sorogrupo C e em segundo lugar, o B. Hoje, a vacina contra meningite em crianças existe apenas no mercado internacional e é desenvolvida por laboratório comercial. Em outubro de 2010, este vacina comprada pelo Ministério da Saúde, entrou no calendário vacinal de menores de 2 anos, segundo normatização do Programa Nacional de Imunização.

Biomanguinhos vem produzindo a vacina contra meningite A e C desde a década de 70 depois que, em 1974, uma epidemia de meningite meningocócica assolou o país. Procurando se preparar para novos surtos da doença, em 1976 o governo brasileiro implantou em Biomanguinhos um centro de produção de vacinas contra meningite A e C. Esta foi a primeira vacina brasileira com polissacarídeo, substância que compõe a cápsula do meningococo. Esta tecnologia utiliza apenas partes do microorganismo, em vez da bactéria inteira.

Embora tenha algumas limitações, como ineficácia abaixo dos 2 anos de idade e proteção por tempo relativamente curto, sua utilização possibilitou ao país a capacitação em modernos métodos de fermentação e purificação, aplicáveis a outros imunizantes bacterianos. A atual vacina contra o meningococo C chama-se conjugada, pois associou-se quimicamente uma proteína ao polissacarídeo (açúcar da cápsula), tornando-a muito mais eficaz.

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias.

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