A má
alimentação combinada com a falta de atividade física regular faz com que os
vasos sanguíneos de indivíduos obesos se fechem com o passar dos anos, levando
até ao seu desaparecimento parcial, comprometendo de forma significativa a
microcirculação do fluxo sanguíneo. Estudo realizado em parceria pelo Instituto
Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
observou que a obesidade prejudica a função microvascular o organismo.
Dependendo do excesso de gordura, os microvasos podem entupir e ‘secar’,
gerando pane no sistema circulatório responsável pelo transporte e distribuição
do sangue nos tecidos e órgãos. Os resultados apontam que a obesidade traz
impactos para a microcirculação sanguínea da pele retroalimentando a própria
condição de sobrepeso.
O alvo da
investigação foi a epiderme, mais extenso órgão humano. “Verificamos essa
condição na pele, que é um
marcador sistêmico e que serve como uma espécie de
janela para observar o que está acontecendo internamente”, afirma Eduardo
Tibiriçá, pesquisador do Laboratório de Investigação Cardiovascular do
IOC/Fiocruz e coordenador do estudo. Esta rarefação microvascular leva à
redução do fluxo sanguíneo nos vasos, causando doenças em órgãos essenciais
como o coração, o cérebro e os rins. “No pior das hipóteses, ocasiona a
apoptose que é a morte celular programada”, informa o especialista.
“O mais
interessante deste estudo é que essas alterações na microcirculação do sangue
estão envolvidas, na origem, no que chamamos de lesões de órgãos-alvo [coração,
cérebro e rins], ocasionando complicações nestes órgãos nobres do nosso
organismo. Esta alteração pode conduzir a uma degeneração, ocasionando
insuficiência cardíaca, renal e lesões cerebrais ao longo do tempo. Isto é
importante do ponto de vista da prevenção epidemiológica”, explica.
Um
complicador
O estudo
foi além: comparou os impactos da obesidade sobre a microcirculação vascular
entre indivíduos que possuem e indivíduos que não possuem síndrome metabólica.
Considerada um mal moderno, assim como a obesidade, a síndrome metabólica é um
quadro causado por uma associação de fatores de risco que incluem obesidade,
sedentarismo e maus hábitos alimentares. A circunferência do abdômen é a
principal forma de mensuração da síndrome metabólica. Quanto maior a
circunferência, maiores as chances do surgimento de doenças cardiovasculares.
Para saber
mais sobre a síndrome metabólica clique aqui.
“Detectamos
que os pacientes obesos que tinham síndrome metabólica possuíam muito mais
problemas na microcirculação do que em pessoas obesas sem a síndrome”, conta
Tibiriçá. Participaram da pesquisa 45 pacientes entre 30 e 45 anos com Índice
de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 40 kg/m2 num grupo de 288 indivíduos com
diferentes graus de adiposidade. Os pacientes foram encaminhados ao Laboratório
de Clínica e Fisiopatologia Experimental (CLINEX) da UERJ, no primeiro semestre
de 2006.
Prevenção
em meio a epidemia
O
especialista explica que a obesidade é considerada atualmente pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) uma epidemia mundial, incluindo países em
desenvolvimento como o Brasil. Ele afirma ainda que é uma doença associada ao
desenvolvimento de outras patologias, tais como doenças cardiovasculares
(infarto do miocárdio), acidente vascular cerebral (derrame) e diabetes.
De acordo
com o pesquisador do IOC, a rotina de exercícios físicos é fundamental para
controle de peso e deve ser mantida para uma melhoria das condições de vida dos
indivíduos. “As recomendações são clássicas e incluem atividade física regular
e de intensidade moderada associada a mudanças de hábitos alimentares. É desta
forma que se combate o excesso de peso e a obesidade”, conclui.
João Paulo
Soldati
07/12/2011
Fonte: Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz
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