quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Obesidade prejudica microcirculação do sangue


A má alimentação combinada com a falta de atividade física regular faz com que os vasos sanguíneos de indivíduos obesos se fechem com o passar dos anos, levando até ao seu desaparecimento parcial, comprometendo de forma significativa a microcirculação do fluxo sanguíneo. Estudo realizado em parceria pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) observou que a obesidade prejudica a função microvascular o organismo. Dependendo do excesso de gordura, os microvasos podem entupir e ‘secar’, gerando pane no sistema circulatório responsável pelo transporte e distribuição do sangue nos tecidos e órgãos. Os resultados apontam que a obesidade traz impactos para a microcirculação sanguínea da pele retroalimentando a própria condição de sobrepeso.

O alvo da investigação foi a epiderme, mais extenso órgão humano. “Verificamos essa condição na pele, que é um
marcador sistêmico e que serve como uma espécie de janela para observar o que está acontecendo internamente”, afirma Eduardo Tibiriçá, pesquisador do Laboratório de Investigação Cardiovascular do IOC/Fiocruz e coordenador do estudo. Esta rarefação microvascular leva à redução do fluxo sanguíneo nos vasos, causando doenças em órgãos essenciais como o coração, o cérebro e os rins. “No pior das hipóteses, ocasiona a apoptose que é a morte celular programada”, informa o especialista.

“O mais interessante deste estudo é que essas alterações na microcirculação do sangue estão envolvidas, na origem, no que chamamos de lesões de órgãos-alvo [coração, cérebro e rins], ocasionando complicações nestes órgãos nobres do nosso organismo. Esta alteração pode conduzir a uma degeneração, ocasionando insuficiência cardíaca, renal e lesões cerebrais ao longo do tempo. Isto é importante do ponto de vista da prevenção epidemiológica”, explica.

Um complicador

O estudo foi além: comparou os impactos da obesidade sobre a microcirculação vascular entre indivíduos que possuem e indivíduos que não possuem síndrome metabólica. Considerada um mal moderno, assim como a obesidade, a síndrome metabólica é um quadro causado por uma associação de fatores de risco que incluem obesidade, sedentarismo e maus hábitos alimentares. A circunferência do abdômen é a principal forma de mensuração da síndrome metabólica. Quanto maior a circunferência, maiores as chances do surgimento de doenças cardiovasculares.

Para saber mais sobre a síndrome metabólica clique aqui.

“Detectamos que os pacientes obesos que tinham síndrome metabólica possuíam muito mais problemas na microcirculação do que em pessoas obesas sem a síndrome”, conta Tibiriçá. Participaram da pesquisa 45 pacientes entre 30 e 45 anos com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 40 kg/m2 num grupo de 288 indivíduos com diferentes graus de adiposidade. Os pacientes foram encaminhados ao Laboratório de Clínica e Fisiopatologia Experimental (CLINEX) da UERJ, no primeiro semestre de 2006.

Prevenção em meio a epidemia

O especialista explica que a obesidade é considerada atualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma epidemia mundial, incluindo países em desenvolvimento como o Brasil. Ele afirma ainda que é uma doença associada ao desenvolvimento de outras patologias, tais como doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio), acidente vascular cerebral (derrame) e diabetes.

De acordo com o pesquisador do IOC, a rotina de exercícios físicos é fundamental para controle de peso e deve ser mantida para uma melhoria das condições de vida dos indivíduos. “As recomendações são clássicas e incluem atividade física regular e de intensidade moderada associada a mudanças de hábitos alimentares. É desta forma que se combate o excesso de peso e a obesidade”, conclui.

João Paulo Soldati
07/12/2011
Fonte: Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz

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