Uma nova pesquisa diz
ter mostrado que as mitocôndrias (as usinas de energia das células) são, ao
mesmo tempo, a base da existência do câncer e o calcanhar de aquiles da doença.
É uma afirmação
grandiosa, que ainda precisa de mais estudos para ser comprovada, mas o
trabalho coordenado por Michael Lisanti, da Universidade Thomas Jefferson
(EUA), traz dados intrigantes sobre a ação dos tumores –um comportamento que
tem algo de vampiresco.
Usando amostras de
cânceres de mama, cercadas de tecido saudável, não afetado pelo tumor, os
cientistas verificaram que as células tumorais aparentemente estavam
“sugando”
as sadias, usando-as como combustível para suas mitocôndrias.
SINAIS SUSPEITOS
Esses “pulmões”
celulares são responsáveis por usar o oxigênio para produzir energia.
Em laboratório, os
pesquisadores americanos buscaram, nas células tumorais e nas suas vizinhas
sadias, sinais das substâncias produzidas pelas mitocôndrias.
O que eles viram é
que, enquanto as células de câncer apresentavam marcas de altíssima atividade
das mitocôndrias, as sadias no entorno estavam quase ou totalmente paradas, com
pouca ação mitocondrial.
Além disso, as
células sem a doença estavam repletas de substâncias químicas que indicavam um
“desmanche” celular. Era como se elas estivessem se desmontando e mandando
matérias-primas para as células cancerosas.
Por isso, a pesquisa
compara a relação entre os dois tipos de célula à interação entre um parasita e
seu hospedeiro –com o câncer no papel parasitário, claro.
A estratégia óbvia
para acabar com a brincadeira envolveria o uso de drogas que inibam a atividade
das mitocôndrias, já que elas afetariam o tumor seletivamente.
Por sorte, esse tipo
de remédio já existe, sendo usado contra diabetes, por exemplo. Se o estudo
estiver correto, não deve ser muito difícil levar a ideia para os hospitais.
A pesquisa está na
revista científica “Cell Cycle”.
Fonte: Jornal Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário