quarta-feira, 5 de maio de 2010

Farmacêuticos, balconistas e farmacistas.

Alguns proprietários de farmácia possuem um estoque inesgotável de armadilhas para enganar os farmacêuticos. Uma destas é a estupidez de dizer que o farmacêutico tem que ser um bom balconista. E o pior, ainda há farmacêuticos que caem nessas armadilhas. Farmacêutico tem que ser um bom farmacêutico.

Farmacista é a tradução do inglês de farmacêutico. Mas no Brasil o termo farmacista é empregado com um significado diferente. Um bom balconista, que tenha experiência no balcão da farmácia, adquire o status de farmacista, ''neologismo tupiniquim'' com o qual também se auto definem os donos de farmácia. Muitos gerentes de farmácia que se julgam profundos conhecedores sobre medicamentos também se intitulam farmacistas. O sonho de todo farmacista é ser um verdadeiro farmacêutico. Muitos gerentes farmacistas não conseguem sequer esconder o despeito na relação com os farmacêuticos. Imagino o dia em que vão propor que os farmacistas também possam assumir responsabilidade técnica pelas farmácias. Tenho que reconhecer a criatividade dos que inventaram a figura do farmacista tupiniquim. Até a Indústria Farmacêutica caiu como uma pateta nessa balela de farmacista.

Antes mesmo de terminar este artigo fiquei sabendo por um amigo, que no estado do Tocantins já existe um novo profissional de farmácia, o ''balcofarmacista''. Logo logo os donos de farmácia vão dizer aos farmacêuticos que eles devem ser ''balcofarmacêuticos''. A fonte criativa é mesmo impressionante e inesgotável.

Quem atende no balcão da farmácia? O Farmacêutico, os farmacistas e os rescém chegados balcofarmacistas. O atendimento no balcão requer conhecimentos específicos e treinamento. A única forma de adquirir os conhecimentos específicos para lidar com medicamentos é a formação em nível superior no curso de farmácia. Treinamento, segundo os educadores, siginifica o mesmo que adestramento ou condicionamento. Para treinar um funcionário na execução de uma determinada rotina e, para se tornar um farmacista, não é preciso que se tenha curso superior, um bom treinamento é suficiente.

A farmácia viveu seu auge quando servia a sociedade prestando serviços de saúde. O balcão era o local onde o farmacêutico atendia seus pacientes, ouvindo-lhes sobre seus problemas de saúde e lhes dispensando, além de medicamentos, atenção e cuidados. A industrialização em larga escala chegou pondo um fim a esse período. Fez com que se avolumassem os estoques exigindo um escoamento rápido dos produtos. Para vialibilizar este processo foi preciso afastar o farmacêutico da farmácia por ser considerado um empecilho as vendas, e começaram a se adestrar vendedores hábeis em convencer os clientes sobre a necessidade ''imprescindível'' de usar medicamentos. A lógica deste adestramento foi ditada pela obtenção de lucro fácil e rápido. Neste exato momento nascem no Brasil a Lei 5991/73, a Drogaria e os Farmacistas.

Este processo banalizou o medicamento perante a sociedade a tal ponto que a cada duas pessoas que usam medicamentos uma usa de forma errada.

O uso irracional e os medicamentos falsificados matam usuários no Brasil. A população paga um alto preço. Em virtude disto o modelo do lucro fácil começa a ruir. O Farmacêutico volta a ocupar seu espaço nos balcões das farmácias e no contexto geral da saúde.

Se existe algum intruso no balcão da farmácia este não é o farmacêutico. O balcão continua a ser o local onde o farmacêutico atende seus pacientes ouvindo seus problemas de saúde e lhes dispensando além de medicamentos, atenção e cuidados. A sociedade quer que o farmacêutico e a farmácia reassumam sua função como profissional e estabelecimento voltados a lhe prestar serviços de saúde.

A única forma do farmacista tupiniquim se tornar farmacêutico é fazendo curso superior em farmácia. Façam isso e sejam bem-vindos.

Todos os profissionais que trabalham em uma farmácia têm sua importância, seu espaço e merecem ser respeitados. O Farmacêutico não esta acima de nenhum deles e como todos tem que ser respeitado.

Obs: Não tenho nada contra outros profissionais que atuam nas farmácias. Não falo isto como discurso mas como parte de meu exercício profissional .Também estou no balcão de uma farmácia. Este texto foi escrito no balcão de uma farmácia. Acredito que acima de qualquer título está a vontade e a determinação pessoal. Mas enquanto farmacêutico convicto, sempre que for necessário empunharei a caneta e levantarei a voz para defender os interesses da categoria que represento.

Farm. Danilo Caser - Presidente da Feifar.

Fonte: Blog de Danilo Caser - Conexão Sindical

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