"Uma das frações dos extratos da planta mostrou bons resultados em camundongos e quando testada em três tipos de células cancerígenas", explicou Tania Mari Bellé Bresolin, coordenadora do Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Univali. Segundo a professora, algumas análises da erva-de-são-simão alcançaram uma atividade seletiva, destruindo células de melanoma e adenocarcinoma e estimulando células do sistema imune, que auxiliam na defesa do organismo.
Sabe-se que, entre os efeitos colaterais da maioria dos agentes quimioterápicos utilizados atualmente, está a destruição de células de defesa, o que torna o paciente mais suscetível às infecções. "Se comprovada a seletividade dos compostos, futuramente pode-se desenvolver um quimioterápico mais seguro", analisou.
Apesar de estarem confiantes com a pesquisa, os cientistas catarinenses garantem que os resultados ainda são preliminares. "Potencial a erva tem, mas até chegarmos a um medicamento existe um longo caminho a percorrer para sabermos se a planta pode servir como fonte de um fármaco contra a doença", destacou Tania.
Ela também alertou sobre os riscos da ingestão da erva-de-são-simão devido à sua toxicidade, que pode ser nociva ao ser humano em caso de uso indiscriminado. "Alguns compostos isolados afetam também células não-tumorais", avisou.
Por temer a utilização inadequada pelas pessoas, Tania optou por não divulgar uma imagem da planta, pois ela é facilmente encontrada em pastagens, terrenos baldios e beiras de estradas.
De acordo com a pesquisadora, o objetivo da equipe não é estimular o uso, mas tentar despertar o interesse da indústria farmacêutica para investir em estudos aprofundados da Vernonia scorpiodes - que tem mais de 200 variações no País. "Os estudos são iniciais e ainda serão necessários testes complementares para garantir a efetividade e segurança da sua utilização", completou.
Resultado comum
Uma pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que não quis se identificar, afirmou que muitas ervas encontradas no País e estudadas em laboratório possuem potencial para destruir células cancerígenas. "É possível uma erva como a Vernonia Scorpiodes ter capacidade antitumoral, no entanto, não quer dizer que ela vá ajudar na prática a acabar com o câncer", alertou.
Para a especialista, os resultados obtidos com a erva-de-são-simão surpreendem pouco a comunidade científica. "Os efeitos podem ser negativos no organismo do ser humano, quando envolve todo um conjunto de fatores, do que nos testes in vitro, onde é feita a cultura de células e o isolamento de compostos", explicou. Segundo ela, "a possibilidade da planta um dia ser utilizada em medicamentos ainda é uma incógnita".
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